terça-feira, 19 de maio de 2009

Introdução

Memorial do Convento é um dos mais populares romances de José Saramago. Publicado em 1982 a acção decorre no início do século XVIII, mais propriamente durante o reinado de D. João V. Este rei absolutista gozou da enorme quantidade de ouro e diamantes vindo do Brasil e mandou construir um célebre convento na localidade de Mafra, em resultado de uma promessa que fez para garantir a existência de herdeiro.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Povo

O Povo – construiu o convento em Mafra, à custa de muitos sacrifícios e até mesmo algumas mortes. Definido pelo seu trabalho e miséria física e moral, surge como o verdadeiro obreiro da realização do sonho de D. João V.

O verdadeiro protagonista de Memorial do Convento é o povo
trabalhador. Espoliado, rude, violento, o povo atravessa toda a narrativa
numa construção de figuras que, embora corporizadas por Baltasar e
Blimunda, tipificam a massa colectiva e anónima que construiu, de facto, o
convento (pp. 244-245).





A crítica e o olhar mordaz do narrador enfatizam a escravidão a que
foram sujeitos quarenta mil portugueses (pp. 293-295), para alimentar o
sonho de um rei megalómano ao qual se atribui a edificação do Convento de
Mafra. A necessidade de individualizar personagens que representam a força
motriz que erigiu o palácio-convento, sob um regime opressivo, é a verdadeira
elegia de Saramago para todos aqueles que, embora ficcionais, traduzem a
essência de ser português: Grandes Feitos, com Grande Esforço e Capacidade de Sofrimento. (pp. 255-256).




Em Memorial do Convento há dois grupos antagónicos de personagens: a classe opressora, representada pela aristocracia e alto clero, e os oprimidos, o povo. No primeiro grupo destaca-se a actuação do Rei, enquanto que no segundo, além de Baltasar e Blimunda, se integram o padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, perseguido pela Inquisição, pela modernidade do seu espírito científico, e Domenico Scarlatti que, pela liberdade de espírito e pelo poder subversivo da sua música, é uma figura incómoda para o Poder. É ainda importante referir que, em Memorial do Convento, as personagens históricas convivem com as fictícias, conduzindo à fusão entre realidade e ficção."